quarta-feira, 7 de julho de 2010

PERDÃO, MEU RIO CACHOEIRA (Eglê Santos Machado)

Eu choro por ti, meu rio,
Pelos banhos que tomei,
Pela água que bebi,
Pelas roupas que lavei,
Por tua ilha do jegue,
Pela areia que cavei,
Pelas vorazes enchentes,
Pelo peixe que pesquei,
Pelos esgotos sem trato
Que no teu curso joguei,
Pelo bambuzal frondoso
Que das gaivotas tirei,
Pelas noites de luar
Que em teu leito naveguei,
Porque estive distante,
Porque de ti não cuidei,
Pelos poemas que fiz
E a ti não dediquei,
Porque vi lixo em tua margem
E não me incomodei,
Agora te dou meu pranto
Pela vida que esbanjei,
Vi dejeto a céu aberto
E não me envergonhei,
Vi tilápias sufocando
E não me acabrunhei,
Envergonhada pergunto:
Por que foi que me calei?
Por que estavas chorando
E eu não te consolei?
Quando límpido, me chamaste
E em tuas águas mergulhei!!!
Peço-te perdão, meu rio
Pela vida que neguei
Hoje choro, com Itabuna
Pelo mal que ti causei,
E constato estarrecida:
Se morres, sucumbirei!...”

2 comentários:

  1. Como sempre lindo Tânia, a tua escolha do poema da Eglê. Bjs.

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  2. Muito obrigada, Taninha, por postares meu trabalho no teu belo blog. Agradeço também à Márcia Vilarinho. Este poema representa o grito de toda uma população que chora e se revolta por ver o Rio da cidade de Itabuna nos estertores, sob os olhares impiedosos das chamadas autoridades competentes. Que dó, meu Deus! E que vergonha!!!

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